Autor
Alexandre Cerejeira
(Ex-vice presidente e tesoureiro do CSPC)
Centro Social Paroquial de Côja
Uma casa aberta à comunidade
Ao falarmos da assistência aos mais carenciados, na paróquia de Côja, não podemos deixar de recordar um sacerdote ilustre que tivemos como Pároco, nas décadas de 50 e 60 do século passado e que se chamou padre José Vicente. Sendo um fiel servidor da Igreja Católica, era também um homem com grandes preocupações sociais, a quem muito incomodava a miséria que então grassava, numa franja significativa da população que dedicadamente guiava nos caminhos da fé.
Apoiado por alguns cojenses mais favorecidos e como ele, sensibilizados para esta realidade, dos quais é justo destacar o nome de António Pereira da Rocha, o padre Vicente lançou aquilo que foi, sem dúvida, a primeira tentativa de apoio social na paróquia, a chamada Sopa dos Pobres, a funcionar nas instalações da Biblioteca D. José Alves Matoso. Os que nada tinham encontravam ali um apoio, pois uma malga de sopa e uma fatia de broa sempre serviam para mitigar a fome que os consumia, pois, sendo velhos, não podiam trabalhar e mesmo muitos dos mais novos, não tinham ocupação que lhes proporcionasse algum rendimento. Por isso, evocar estas duas pessoas, é também homenagear todos aqueles que voluntariamente se dedicam a esta nobre causa da solidariedade.
Um novo sacerdote assume os destinos da comunidade.
Os anos passaram e eis que um novo sacerdote assume os destinos desta comunidade. O jovem padre António Dinis depressa se inteirou das carências existentes e assim, em nome da paróquia, assina, em 1982, um acordo com a Cáritas Diocesana, para o funcionamento de um ATL, numa sala da Biblioteca.
É constituído o Grupo Socio-Caritativo.
E em 4 de Maio de 1983 é constituído o Grupo Socio-Caritativo, onde de imediato se começa a discutir a necessidade de criar um Centro de Dia, como resposta aos problemas da chamada terceira idade. E são elaborados os Estatutos do futuro Centro Social Paroquial de Côja, já com as valências de ATL e Centro de Dia, os quais são aprovados em 17 de Outubro do mesmo ano.
É adquirido o terreno onde iria ser construído o edifício,
Em Outubro de 1984 é adquirido o terreno onde iria ser construído o edifício para instalação daquelas valências que, a partir de Julho de 1986 e até à conclusão das obras, funcionaram numa garagem, cedida graciosamente pelo casal Maria do Carmo e Luís Correia. E nesse mesmo ano, em 18 de Novembro, é celebrado o primeiro acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Social.
Construção, destinada à resposta social de Lar.
Concluído o primeiro edifício, logo se avançou para mais uma construção, destinada à resposta social de Lar, a qual viria a ser inaugurada no dia 15 de Dezembro de 1994. Estava, deste modo, concretizado, no terreno, o sonho dos seus mentores, a criação do Centro Social Paroquial de Coja.
A celebração de acordos com a Segurança Social, o apoio, então bem significativo, da população local e o trabalho voluntário dos seus dirigentes e de muitos conterrâneos, fizeram com que esta Instituição fosse crescendo, dando plena resposta às necessidades da zona em que está inserida.
Encerradas as portas da Casa da Criança.
No ano de 2006 a vila de Côja e por extensão, toda esta zona, viu serem encerradas as portas da Casa da Criança, propriedade da Fundação Bissaya Barreto, o que deixou algumas dezenas de crianças sem apoio, ou com este a ser transferido para Arganil.
Foi então e mais uma vez, o Centro Social Paroquial de Côja, com a prestimosa colaboração do Município de Arganil, da presidência do Engº. Ricardo Pereira Alves e da Junta de Freguesia de Coja, então liderada pelo Engº. João Oliveira, a tomar em mãos a resolução deste grave problema. E a primeira decisão tomada foi a cedência de uma moradia de que o Centro era possuidor, na Gândara, para ser adaptada àquela finalidade, após terminado o projeto de arquitetura que imediatamente se iniciou.
Inicio do funcionamento da Creche.
Enquanto não houvesse instalações definitivas, o Município de Arganil providenciou a instalação de contentores, nos espaços da Escola Prof. Mendes Ferrão, onde a Creche começou a funcionar, em moldes provisórios, no dia 4 de Fevereiro de 2008.
Instalação definitiva da Creche.
Entretanto, como estava em fase de construção o novo edifício do Centro Escolar de Côja, o mesmo Município decidiu incluir nele as instalações para a Creche, abandonando-se a adaptação da moradia. E em Setembro de 2009 a Creche estava definitivamente instalada, o que fazia com que o Centro Social Paroquial de Côja tivesse, finalmente, resposta adequada para todas as valências, desde os primeiros meses de idade até à idade sénior. E é esta parceria com o Município de Arganil, no caso da Creche, que hoje ainda, continua a funcionar, com benefícios notórios para a população de Côja e arredores.
Inauguração do Lar Padre António Dinis
Quando se verificou que as instalações disponíveis já não eram suficientes para acolher todos aqueles, mais idosos, que até nós se dirigiam para ser admitidos em lar, eis que se toma a decisão de avançar para a construção de uma nova estrutura. Assim, após a conclusão do projeto, a obra é adjudicada à empresa Argoconstrutora, vindo a ser inaugurada em 2 de Fevereiro de 2013. E como ato da mais elementar justiça, foi-lhe atribuído o nome do Lar Padre António Dinis.
Com quase oitenta postos de trabalho, sendo mais de uma dezena de licenciados, o Centro Social Paroquial de Coja presta apoio a cerca de duas centenas de utentes e é hoje uma Instituição de referência na nossa região, contribuindo decisivamente para a economia local e para a manutenção da população, numa zona onde, por falta de oportunidades de emprego, o despovoamento tem vindo a acentuar-se desde há algumas décadas, a exemplo do que vem acontecendo por todo o interior do nosso país. Ele é mesmo o maior empregador do alto concelho de Arganil.